Urgência de medidas macro para a redução do lixo em Portugal

No passado dia 5 de junho celebrou-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Este dia tem como objetivo alertar e sensibilizar as populações e agentes políticos para a necessidade de proteger e salvar o meio ambiente.

Durante este dia várias instituições, desde recreativas, educativas e políticas promovem eventos que estimulam o desenvolvimento de ações que causem um impacto positivo no meio ambiente. É certo que a frase “Pensar Global, Agir Local” faz muito sentido. Contudo, para existirem mudanças efetivas é urgente pensar no meio ambiente de uma forma macro.

Um dos grandes problemas mundiais e, infelizmente nacionais que contribuem para a degradação do meio ambiente é a produção excessiva de lixo.

Portugal está acima da média europeia na produção de lixo por pessoa e, de acordo com a QUERCUS, sem medidas de emergência os resíduos aumentarão em 70% até 2050. Em Portugal, em 2019, geramos cerca de 1,4 Kg de resíduos por pessoa por dia! De acordo com a mesma fonte, estes números foram agravados ainda pela situação pandémica em que vivemos.

A agenda 2030 faz também várias referencias à necessidade urgente de reduzir a quantidade de lixo e até 2035 temos que conseguir que 80% dos resíduos sólidos urbanos que produzimos sejam classificados como recicláveis.

Infelizmente, assistimos a um governo sem reformas definidas para o país e nesta matéria não é exceção até ao momento. Em 2014, no governo do PSD, o ex-ministro Jorge Moreira da Silva apresentou um Compromisso para o Crescimento Verde, a longo prazo para o país pós troika, em que os ambientes económicos e sociais andem de mãos dadas. Contudo, apesar de vários partidos da geringonça se apelidarem os únicos amigos do ambiente, as políticas ambientais não têm sido uma prioridade deste governo. Que investimento se lembram que tenha sido realizado nesta matéria nos últimos seis anos? Aumentar impostos não pode ser a única solução.

O PRR, apresentado pelo governo, prevê que cerca de 60% do montante de subvenções seja aplicado na Dimensão Resiliência, e 21% na Dimensão da Transição Climática. Espero que esta questão do lixo não seja esquecida, porque se mantivermos os mesmos comportamentos, em breve esgotaremos os aterros e não temos soluções alternativas e mais sustentáveis.

Entretanto, os nossos municípios e comunidades intermunicipais vão fazendo o melhor, e temos muitos bons exemplos no nosso distrito, com os recursos financeiros que dispõem.

O lixo, tal como o conhecemos, deixará mesmo de existir e é premente que Portugal não fique para trás, pelo bem da nossa qualidade de vida e das gerações futuras.