Na antecâmara das eleições autárquicas, o dia a dia dos vários ministérios passa para segundo plano com o prejuízo do escrutínio que deve ser feito claudicar neste período de campanha eleitoral.
Por estes dias, pouca ou nenhuma importância tem sido dada ao pantano que se encontra um dos ministérios mais importantes naquilo que é a construção de uma sociedade – o ministério da educação -, e que tem cada vez mais as suas fragilidades expostas a nu com milhares de alunos e professores a serem prejudicados pela má gestão que as escolas públicas portuguesas têm vindo a ser alvo.
O ano letivo transato acabou com a promessa do próprio Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que o Governo iria comprar mais de 600 mil computadores para distribuir pelos alunos de todo o país. É uma boa notícia para toda a comunidade estudantil (ou não) uma vez que são 600 mil computadores a somar aos 350 mil computadores que também prometera ainda no início do ano civil. Pena é que dos 350 mil computadores prometidos outrora ainda faltam entregar 60%, deixando assim milhares de estudantes para trás com a obrigatoriedade do ensino à distância e a falta de meios para que os mesmos pudessem acompanhar os restantes colegas. A prometida universalização da escola digital continua a ficar no papel e a servir de propaganda política.
Em relação aos professores, o cerne da questão vem de trás, contudo o que continua a impressionar é a inação do Ministro da Educação perante todos os problemas e as, cada vez mais, desigualdades sociais que fazem-se sentir no plano da educação.
Com o arranque no novo ano letivo a situação agrava-se, desde logo, com os milhares de professores que em pouco menos de três semanas têm, muitas vezes, que se deslocar para a outra ponta do país de forma a lecionarem no presente ano letivo que já teve início na última semana. Colocados longe das suas famílias, com as inúmeras despesas inerentes a essa deslocação, acaba por muitas das vezes a remuneração não ser suficientemente digna para o turbilhão de dificuldades que são apresentadas aos milhares de professores todos os anos.
Sem prejuízo desta deslocação de professores, em regra geral do Norte e Centro do país para a região de Lisboa e Vale do Tejo, há ainda outras zonas de Portugal que sofrem com a falta de professores que muitas vezes rejeitam tais deslocações por ficarem demasiado dispendiosas para aquilo que é o orçamento familiar. Em última análise, os primeiros e últimos prejudicados são os alunos de todo o país que, em alguns casos, não vão ter o seu horário completo uma vez que não haverá professores para determinadas disciplinas.
Assim, pelos pingos da chuva vai passando o Ministro da Educação que perante todos os obstáculos que são impostos ano após ano ainda não teve a audácia suficiente para reverter o rumo da questão. Um Ministro a medo ou uma marioneta?